Turquia

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terça-feira, 2 de junho de 2015

Todos os Tempos o Tempo


Jean-Luc Almond






A mulher repete e se renova enquanto se repete, por circularidade intrínseca, por seu mental-emocional acolhedor, arredondado. O homem se repete no tédio, no vício ou na rotina. Por fazer o mesmo parece não encontrar apreço: por isso a pressa, a infidelidade, certo tom [especificamente masculino] de atavismo, de sempre-o-mesmo. Quanto aos "esboços suspirando porvires", nossos eternos ensaios, não têm gênero, atingem ambos os sexos. trata-se de outra circularidade ou, mais propriamente, de um "semicírculo": o quase ou talvez, ou "não, ainda", o oposto do antídoto para viciados ["só por hoje"].


O tempo como propósito [telos] ou desapego são dois extremos igualmente válidos [e quanto isso soa impopular no Ocidente]. Ainda há o tempo biológico, o cultural, o tempo ultracondensado das depressões e síndromes de pânico ["a eternidade das penas", um tempo mítico], os tempos com suas específicas espessuras e lastros. Circularidade perfeita? A manutenção do zelo no cuidado. Circularidade de Yemanjá ou de Maria. De Isabel, de Ana, de Nanã: de Mãe ou Avó Vitalícias.




Marcelo Novaes